À beira do fim do mundo e as redes sociais fofinhas
Não. Não quero alarmar; também não quero causar o pânico e penso que também não estou a exagerar quando digo que estamos a viver tempos únicos e extremamente difíceis e que vamos daqui em diante pagar cada vez mais caro.
Compreendo que este mundo da Internet, do digital business não esteja virado para o assunto e muito menos queira encarar a realidade dura, tal e qual como ela é, mas admito que faz-me muita confusão como é que há pessoas que conseguem no meio de tanta merda fazer e mostrar a sua vidinha feliz e perfeita. As mesmas rotinas, os mesmos hábitos e as mesmas futilidades repetidas até à exaustão todo o santo dia a encher os feeds da população que os segue religiosamente. Admira-me como conseguem manter a sua postura encenada de vida perfeita e feliz nas redes sociais todo o santo dia enquanto partilham pela 5ª vez consecutiva na mesma semana que foram comer fora, ou que o restaurante Y e Z lhes ofereceu mais umas refeições à pala; que compraram roupa pela 2ª vez na semana e que viajaram pela 4ª vez para o estrangeiro desde que começou o ano, e não esquecer, receberam o 3º carregamento de recebidos da semana para mostrar aos seus "fiéis seguidores".
Para quem ainda não se apercebeu, os bens essenciais estão caríssimos e não vão ficar por aqui. Temos bens essenciais à nossa sobrevivência e qualidade de vida a ser taxados com o IVA máximo de 23%. Mas isso não é muito importante e não dá likes. Há pessoas a escolher entre comprar o pão para casa ou os medicamentos. Isto é só triste. Se já havia miséria no nosso país, imaginem agora essa miséria a aumentar a cada dia. O desemprego a aumentar. Mais uma vez, isso não dá likes nem engagement.
Mas hey, depois vamos às redes sociais e é logo uma lufada de ar fresco nas nossas vidinhas miseráveis. Somo inundados com vidas perfeitas, recheadas a brunchs e jantaradas dia sim dia sim e códigos de desconto para a loja e marca x e y, porque o importante é continuar a consumir para mostrar e a mostrar para consumir, e assim se faz os carneiros (seguidores) irem atrás e assim se alimentam estas vidinhas vazias que "nos governam" e dão a lufada nos feeds dos nossos telemóveis. È assim que se alimenta esta máquina ou coisa, que vivemos todos diariamente de uma maneira ou de outra, basta que utilizemos as redes sociais. Com a diferença que há quem queira sair dessa realidade fútil, que não queira fazer parte e muito menos contribuir e é aí que eu me incluo e sei que não sou a única.
Agora pergunto, como é que viemos parar aqui? Como raio chegámos a isto?
Peço desculpa pelo desabafo, mas vejo com cada coisa completamente alienada da realidade que fico totalmente abesbílica. As redes sociais sempre foram um espaço de partilha das coisas boas e felizes, nunca das tristezas ou das coisas más que nos acontecem, das nossas derrotas.
A diferença é que de momento há pessoas a viver destas partilhas o que faz do digital um mundo paralelo. Mundo esse que nos faz crer que nós é que estamos mal, ou a viver o lado errado da coisa. Se nos queremos integrar, nós é que temos que querer e que fazer parecer para mostrar aos outros. Para mostrar que estamos a viver do lado certo, do lado feliz mesmo que seja só de fachada (e que por dentro tenhamos uma vida miserável a tentar chegar ao final do mês com uns trocos no bolso). Porque afinal o que interessa é aparecer e mostrar. Comprar para mostrar. Ter para mostrar. Fazer para mostrar. E assim construímos a narrativa da vida perfeita porque a vida com significado e humilde não presta porque não alimenta egos nem carteiras.
Também se sentem assim? Façam como eu. Uma limpeza geral de páginas e pessoas que seguem, e livram-se logo de muitas figuras tristes. A vossa sanidade mental agradece. Ah, a vossa carteira também.
C.C
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C.C